quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

RESENHA - O QUE É IDEOLOGIA - MARILENA CHAUÍ

Resenha
Giovanna Ap. Silva Cruz
O que é Ideologia – Marilena Chauí

O livro de Chauí (data de publicação 1980), obviamente vai tratar sobre a Ideologia, como já anunciado no título.
A autora começa o livro dando alguns exemplos de mudanças e movimento, que é tudo e qualquer alteração da realidade, segundo alguns filósofos gregos.Para eles, há a mudança qualitativa, que é a mudança de aparência, um exemplo citado é a semente que com o tempo vira árvore.A mudança quantitativa é o aumento ou a diminuição.A mudança de lugar é a locomoção de qualquer corpo.E a geração e corrupção de corpos está relacionada com o nascimentos, parecimentos, das coisas e homens.
Marilena cita também a teoria aristotélica das quatro causas, que explica tudo o que existe, o modo e o fim para que existe e que cada causa tem um determinado valor.Mas que ao longo do tempo e da física elaborada no século XVII e XVIII ela foi reduzida em apenas duas, a eficiente e a final. E passou a ser operação ou ação, ao invés de causa.
No livro a autora fala de duas figuras diferentes, o burguês , que é livre e espiritual e determina as coisas, os fins para as coisas. Já o trabalhador é mecânico e corpóreo do trabalho, para fins estranhos, como uma forma de alienação. Essa ideia tenta explicar a realidades, ao invés de serem explicadas pela realidade. Os homens produzem ideias para explicar sua vida individual e o que está em sua volta, porém essas ideias escondem o modo real e a origem das formas sociais de exploração econômica e de dominação política, que podemos chamar de ideologia.
Depois da introdução, vem a história do termo, Ideologia, que apareceu pela primeira vez em 1801 no livro de Destutt de Tracy, Eléments d’ideologie ( Elementos de Ideologia), em que o autor junto com o médico Cabanis, com De Gérando e Volney, queria elaborar uma ciência que tratava da formação de ideias., querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção) e recordar (memória).
Marx, critica os ideólogos alemães e com isso conserva o significado napoleônico do termo que dizia que o ideólogo é aquele que inverte as relações entre a ideia e o real. No golpe de 18 Brumário, na França, os ideólogos foram partidários de Napoleão, que nomeou vários para senadores ou tribunos. Porém essa aliança não durou muito tempo, pois os ideólogos notaram que Bonaparte estava restaurando o antigo regime.
Para Augusto Comte, em seu livro “Cours de Philosophie Positive” , ideologia é atividade filosófico-científica que estuda a formação das ideias a partir da observação das relações entre o corpo humano e o meio ambiente tomando como ponto de partida as sensações, mas também passa a significar conjuntos de ideias de uma época, tanto como “ opinião-geral” , quanto no sentido de elaboração teórica dos pensadores de tal época.
Para Comte, o espirito humano passa por três fases de transformação: primeira fase, fetichista ou teológica: que é a explicação das coisas através da ação divina ( Deus ). A segunda é a metafísica que explica a realidade por meio dos princípios gerais e abstratos.A terceira é a fase positiva ou científica, que é a observação da realidade, analise de fatos, é a etapa final do progresso humano.
Cada fase do espírito cria ideias para explicar as coisas naturais e humanas, cada fase cria sua própria ideologia, uma teoria para colocar suas ideias em prática, seguindo  a teoria antes de qualquer ação, pois o conhecimento teórico tem uma previsão científica dos acontecimentos, e faz com que a prática seja seguida por regras e normas, para poder dominar , controlar a realidade.
Outro livro que também aparece o termo “ideológico” é de Durkheim, “ Regras para o método sociológico”, que tem como objetivo criar a sociologia como uma ciência. Para Durkhiem ideologia é todo conhecimento  da sociedade que não respeita tais critérios.
Chauí, também fala no livro , sobre a concepção marxista de ideologia, cita Marx e seu livro “ A ideologia Alemã ” , onde Marx vai criticar a ideologia Alemã e separar a produção das ideias e as condições sociais e históricas nas quais são produzidas. Marx coloca na categoria de ideólogos os franceses, que a ideologia é política e jurídica, os ingleses que é a ideologia econômica e os ideólogos alemães que são filósofos .
Ao longo desse capítulo, a autora vai explicar as críticas de Marx,que usa da filosofia de Hegel para criticar e falar da obra hegeliana, da dialética e de seus aspectos de uma forma bem ampla.
Marilena, também fala do manuscrito de Marx sobre trabalho alienado e o capitalismo,  onde tudo é mercadoria, até o ser humano, para ele houve uma inversão, em que o social vira coisa e a coisa vira social. A ideologia burguesa faz com que os homens acreditam que são desiguais por natureza e iguais perante a lei, ao estado, esquecendo que quem faz as leis é a classe dominante, e que para o trabalhador enriquecer tem que trabalhar, enquanto enriquece o capitalista e não si próprio.
Marx e Engels, determinam o momentos de surgimento da ideologia, no instante em que houve divisão social do trabalho,ou seja, separar trabalho material ou manual e trabalho intelectual, entre trabalhadores e pensadores.Enquanto essa separação existir a ideologia nunca perderá sua função.
Segundo, Marilena Chauí, o que torna a ideologia objetiva é a alienação, o que torna a ideologia possível é a luta de classes.A ideologia é resultado da luta de classes e tem como função esconder a existência dessa luta, podemos dizer também que a história se constitui na  luta de classes.O poder da ideologia aumenta quanto maior for sua capacidade para ocultar a origem da divisão social e da luta de classes.
A ideologia nasce para servir interesses de uma classe, e a classe dominante que esta no poder que impõe suas ideias aos dominados, pois os indivíduos da classe dominante pensam, diferente da classe dominada que não percebe a exploração e a dominação por conta da ideologia. Ela também transforam as ideias particulares em universais, para valer pra toda sociedade.Uma classe é hegemônica porque suas ideias e valores são dominantes.





Resenha elabora para a revista estudantil Ciência e Revolução- Vol 2 
http://www.marilia.unesp.br/#!/graduacao/cursos/ciencias-sociais/cepecs/pibid/ee-prof-amilcare-mattei/revista-estudantil--2/






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